Acordei.
Tinha a imagem de Diadorim, a imagem de sua morte.
Repensei, vi que a tristeza de ontem e o calafrio, eram sensações. Tinha acabado de assistir o filme "Amor à flor da Pele" - Wong Kar-Wai. Um filme que fala de solidão e desejo. É incrivelmente belo e melancólico. A convivência comum e rotineira dos vizinhos, em um intrigante edificio de Hong-Kong. Olhares, segredos descobertos, se torna, cada dia mais, em uma intensidade cada vez maior, uma sensação incômoda. Faz com que, a paixão que existe entre os dois (que na verdade é uma aula de masoquismo, pq tendem a fazer o que seus conjugês estariam fazendo ou falando), torne-se uma paixão irracional (se é que existe alguma racional), e um vício que aflige e os atormenta diariamente. "A tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça. A tua presença, pelos olhos, boca, narinas e orelhas (...)"
Assistir ao filme, ouvir à musica, tudo fica à flor da pele... O melhor filme de amor que já vi, sem cena de beijo e sexo. É uma relação de amor complexa que bate profundamente no espírito humano.
Amamos profundamente o outro sem tomar atitude alguma. Quem nunca sofreu por amor?
"Em linhas gerais, Amor à Flor da Pele é muito mais do que uma história de amor nos moldes de Romeu e Julieta ou Tristão e Isolda. Trata-se, na verdade, do quanto abdicamos ou não em nossas vidas para ir de encontro a esse amor. Pois é fato notório que em nossa sociedade a todo o momento reclamamos da ausência de amor em nossas vidas sem, contudo, admitirmos para nós mesmos, que somos nós – e não a vida, o trabalho, as dificuldades financeiras, entre outras desculpas esfarrapadas clássicas – que o afastamos de nossas existências. Temos sempre a chance de mudar nossas trajetórias e, entretanto, preferimos nos contentar com a mesmice da rotina, mais segura, menos dolorosa, enfim, prática. E acabamos por sofrer da mesma maneira. Com amor ou sem. Não há como fugir do sofrimento. Apenas saber lidar com ele. E, às vezes, com essa palavrinha que fazemos questão de expulsar de nossas vidas, fica mais fácil. Ou não?" (by Contra Regra)