Imagino o mundo como uma enorme Roda Gigante. Enorme roda gigante é redundância, a gramática que me perdoe, mas a Roda Gigante do mundo é mesmo enorme.
Ela está sempre girando. A roda que eu conheço (sim, existem várias, cada um com a sua), gira com uma velocidade espantosa. Por vezes penso que estou sempre embaixo, que nunca saio do lugar. É claro que eu me movimento, estou constanteme nesse roda roda frenético, e do nada me vejo cândida sentada com meu algodão doce nas mãos, olhando lá de cima para o horizonte como camera lenta.
Acostumei-me a ver a vida com os olhos da dualidade.
Não existe noite que dure o dia inteiro, e não existe dia que dure noite afora.
“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.- E depois que morre - perguntou o Visconde.- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
A mim assombra um poiuco essa transitoriedade de todas as coisas. É meio assustador pensar que nada é definitivo, que tudo passa. Embora também possa ser consolador, quando estamos numa situação que queremos ver mudada...
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